Agora é oficial: Relatório do Mapa de Orcrim (organizações criminosas), elaborado pelo Ministério da Justiça, fornece evidências explosivas de fenômeno que denuncio já há alguns anos: o domínio da estrutura prisional brasileira pelas facções criminosas, especialmente as duas principais que reinam em São Paulo e no Rio.
Tomei notícia do problema alguns anos atrás aqui no Ceará. O então governador Camilo Santana, do PT, e hoje ministro da Educação, promoveu um “acordo” para tentar pôr fim à mortandade de presidiários de facções adversárias dentro dos presídios do Ceará: separou os membros de cada facção e as distribuiu pelos presídios de maneira a que à facção P, cabia os presídios tais e tais, e à facção C os presídios quais e quais, restando para a facção local G, seu lote de presídios. Claro que, para isso, teve que haver um “censo” que identificasse quem pertence a qual facção e o “acordo” foi feito com as lideranças.
De lá para cá, as mortes nos presídios praticamente acabaram, mas a região metropolitana de Fortaleza passou a ser uma das primeiras do Brasil em violência e crimes dolosos contra a vida. Todos esses crimes comandados de dentro das fortalezas do crime em que o sistema prisional se transformou. Claro que reclamei dessa providência estúpida! De nada adiantou. O acordo permanece em vigor ainda hoje.
Não sei se por aí afora esta submissão das autoridades ao império do crime organizado tem a mesma feição caricata daqui, mas o relatório do Ministério da Justiça não permite dúvida de que passou de qualquer limite o poder das organizações criminosas sobre as estruturas do Estado brasileiro.
Vejam os números: seriam já 70 facções atuando no Brasil. 65 delas estariam atuando no sistema prisional, dando sequência histórica à facção paulista que transferiu parte de seu comando central para o Ceará, tendo nascido na Casa de Custódia de Taubaté-SP.
É generalizada a notícia de que constrangimentos promovidos por facções criminosas estão tão ostensivas nas periferias do Brasil que já se pode duvidar da sanidade do processo eleitoral em curso. É também assim que se destroem as democracias.
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