Raphael Machado


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O Presidente do Brasil deveria assumir uma postura mais prudente e parar de opinar sobre eleições estrangeiras.

Eu posso ajudar.

Sempre que perguntarem sobre alguma delas, eis a resposta padrão: "Não sei quem vai ganhar e como Presidente do Brasil não tenho preferência, tentaremos trabalhar construtivamente com qualquer um dos dois".

Porque essa postura assumida por Lula desde que ele voltou ao poder de achar que ele precisa ter opinião sobre todas as eleições do mundo não é pragmática e não é nem um pouco prudente. Pior: o Lula parece que está cada vez mais azarado nessa seara.

Tentou se imiscuir no processo eleitoral venezuelano e além de perder uma reputação acumulada por décadas, enfraqueceu a posição do Brasil no continente e o máximo que se pode dizer que ele conseguiu foi uma vitória pírrica nos BRICS - na medida em que o ingresso da Venezuela (desejado por Rússia e China) é inevitável.

Agora, palpita desnecessariamente sobre as eleições dos EUA, palpita sobre o estado da democracia nos EUA... e ganha o candidato que ele insinuou ser uma ameaça à democracia. Tudo isso desnecessariamente, porque ninguém perguntou.

Penso que toda essa postura se dá porque Lula realmente engoliu a ideia de ter um "papel global". Não duvido que ele ainda sonhe com o mais elevado cargo da ONU para consagrar a sua carreira política - daí achar que precisa opinar sobre tudo e posar como paladino da democracia liberal e do multilateralismo cosmopolita.

Mas não é desse tipo de postura que o Brasil precisa.

Obs.: Isso vale para quem quer que suceda Lula, inclusive para a direita. Chega de opinar sobre eleição na Venezuela ou onde quer que seja.


Trump não dá a mínima para a ONU, diz querer desenfatizar o papel dos EUA na OTAN e pode agora reduzir o papel do Estado dos EUA no suporte às ações ongueiras internacionais. Isso representa uma maior abertura para o advento da multipolaridade e um golpe profundo contra o multilateralismo.

Trump representa a hipótese de um futuro de Estados-Civilizações plenamente autônomos e em choque no plano internacional, com o resultado dependendo apenas das correlações de forças, dos acordos entre líderes, dos sistemas de alianças - não mais de "tribunais", "assembleias" ou o que seja.

Naturalmente, ele pode ser apenas um interlúdio, uma pausa no caminho de degeneração dos EUA. Spengler enxerga o cesarismo típico de civilizações decadentes não com "otimismo", mas entendendo que na maioria dos casos o César é apenas um soluço antes da continuação do deslize rumo ao abismo. Nesse sentido, se Trump for incapaz de realmente expurgar o establishment dos EUA e empreender uma profunda revolução cultural, ele será, de fato, tão somente um soluço. Poderemos perceber melhor tudo isso a partir do momento em que ele escolher o seu time, especialmente para comandar o Departamento de Estado.

De modo geral, apesar de não haver mudanças relevantes e imediatas para a América Ibérica, ainda é uma mudança significativa no plano geopolítico planetário cuja significância primária é o do adiamento ou mesmo suspensão do risco de uma guerra nuclear direta entre EUA e Rússia.

O resto ainda está aberto e segue em jogo.


A vitória avassaladora de Trump nessas eleições permite uma série de considerações interessantes.

Em primeiro lugar, representa o rechaço popular total pelas elites globalistas delirantes que vampirizavam economicamente o povo em prol de uma escalada nuclear irresponsável contra a Rússia, enquanto martelavam wokismo nas cabeças das pessoas comuns.

Com todas as mídias de massa fazendo campanha por Kamala Harris, com todas as celebridades, com a maioria dos bilionários, Trump não só venceu, mas atropelou Kamala Harris com uma distância de 5 milhões de votos. Aliás, se era previsto que a apuração se arrastaria por dias, dessa vez tudo parece confirmado já, em menos de 1 dia.

Me parece hoje ainda mais claro que Trump venceu as eleições de 2020, mas como a vitória foi apertada foi possível fraudar as eleições em vários pontos específicos, especialmente com a técnica dos votos por correios.

De certa forma, a vitória de Trump era previsível, em alguma medida, a partir da insistência do Biden de disputar, da tentativa de assassinato de Trump e da escolha absolutamente idiota por Kamala Harris. O que os Clintons e os Obamas estavam pensando com essa escolha? Não é possível que os democratas não tivessem uma opção mais carismática e menos queimada.

Além disso temos o fato da alta no custo de vida, o desgaste do apoio direto a um genocídio televisionado e o clima de uma escalada nuclear contra a Rússia. E nisso tudo Kamala Harris teve um papel direto. Ela é uma vice-presidente muito mais influente do que a média por causa da própria senilidade do Biden. Claramente, a população dos EUA a via como responsável por todos os seus problemas porque ela se saiu pior que o Biden em todos os condados do país. Todos. Sem exceção.

Em segundo lugar, aqueles que apostaram as suas carreiras na derrota do Trump, dentro e fora dos EUA, precisam agora sair de cena ou se reorganizar.

Começando pelo plano externo, Zelensky está agora em maus lençóis. Há uma chance bem maior agora de que ele seja descartado ou de que precise se apoiar mais em outras alianças, como as europeias, para se manter. A máquina de guerra na Ucrânia provavelmente seguirá ativa, porém; apenas um pouco mais limitada.

Fico aqui pensando no porquê termos um presidente que se sente na necessidade de palpitar sobre eleições ao redor do mundo. Ele acha mesmo que é uma figura de envergadura mundial, destinada à Secretaria-Geral da ONU? Lula se encrencou com Maduro e perdeu, agora há alguns dias estava se declarando em apoio a Kamala Harris (ninguém havia perguntado, aliás...) e agora vai ter que lidar com o fato de ter acusado Trump de ser uma ameaça à democracia.

O motivo da posição de Lula é fácil de entender: ele realmente achava que Kamala Harris levaria porque ele não entende a correlação de forças internacionais da pós-modernidade. Ele ainda é adepto do alterglobalismo. Ele crê que caminhamos, de forma inevitável, para a integração planetária em uma aldeia global, e achava que caminharíamos nessa direção com apenas alguns tropeços pelo caminho. Ele e a elite do PT não é capaz de "computar" a vitória de Trump como representando o futuro, apenas como "acidente de percurso".

Lula agora só tem duas opções: ou abraça as relações com Trump ou então decide de forma definitiva pelos BRICS. Acabou a hipótese de ficar em cima do muro fazendo jogo duplo.

Há, aliás, uma série de outras figuras do cenário brasileiro que apostavam em uma permanência dos democratas no poder e em um não-retorno de Trump. De ministros do STF aos ongueiros, todos avaliaram de forma equivocada a correlação de forças e os padrões internacionais. Recordo-me quando, após a vitória de Biden, os jornais vaticinaram "o fim do populismo", "o retorno da política". Eis onde estamos agora.

Para estruturas como a ONU, a OTAN e o Complexo Industrial de ONGs a vitória de Trump representa uma dura derrota.




Independente do resultado nas eleições dos EUA, a minha posição e a dos patriotas brasileiros que eu represento é de que a política de Washington para o Brasil e a América Ibérica é uma "política de Estado" que independe, em sua essência, das "danças de cadeiras" na Casa Branca.

Apesar de haver distinções significativas em outras questões (mas menos do que nas presidenciais de 2016 e 2020), tanto internas quanto geopolíticas, há pouca variação na leitura que republicanos, democratas e o Deep State fazem da nossa zona geográfica.

Que leitura é essa?

A leitura consensual é de que os EUA não podem arcar com uma perda da hegemonia no Caribe, América Central e do Sul. O Consenso de Washington teria permitido aos EUA relaxar e abriu caminho para desenvolvimentos políticos desfavoráveis ao hegemon unipolar em nosso continente, e o resultado disso era que há 10 anos havia várias lideranças hostis ou indiferentes aos EUA.

Mas se lidar com isso era necessário, mas não urgente, no contexto geopolítico contemporâneo a coisa muda de figura. Porque os EUA estão sendo contestados na Europa, na Eurásia, no Oriente Médio, na África e na Ásia, e essa contestação é simultaneamente ideológica, cultural, econômica e militar.

Essa contestação se desdobra efetivamente pelo fortalecimento de outras potências contra-hegemônicas, as quais alimentam o dissenso por meio de uma colaboração multifacetada, fomentando o antiatlantismo em todos os continentes.

Não obstante, a América Ibérica ostenta reservas de importantes recursos estratégicos em abundância - inclusive de recursos vitais para o salto tecnológico buscado pelas grandes potências (como o lítio) - além de dispor de uma reserva demográfica razoável, de uma posição geográfica insular e de uma série de outras vantagens que tornam a mera dominação da região condição suficiente para suspender a transição multipolar ou revertê-la em algumas décadas. Sobre isso, basta recordar as declarações da General Laura Richardson sobre a Amazônia como pertencendo à zona de interesses de Washington.

É isso que está previsto na geopolítica talassocrática dos EUA desde sua fundação, com Alfred Mahan - em que o Caribe é pensado como "mediterrâneo americano" e o continente como um todo é pensado como "plataforma para a conquista mundial".

E a política externa dos últimos 3 governos dos EUA confirma isso, como em uma reativação da Doutrina Monroe. Se a política externa dos EUA para outras regiões teve mais inconsistências e giros inesperados, na América Ibérica ela é caracterizada por uma perfeita continuidade de propósitos.

Da Operação Lava-Jato até a política externa vacilante do governo atual, passando por inúmeras revoluções coloridas no continente e pelo narcoterrorismo (que sempre acaba eventualmente justificando a presença de tropas dos EUA), sem esquecer a misteriosa expansão da Embaixada dos EUA, tudo fluiu suavemente em benefício da garantia de hegemonia atlantista na região.

Nada disso é tendente a ser modificado sob Harris ou Trump, ao contrário, trata-se de uma direção geopolítica que unifica todos os principais motores da geopolítica dos EUA.

Nesse sentido, entre Trump e Harris, a única coisa que realmente queremos é ser deixados em paz.


Entre a noite de hoje e a manhã de amanhã estarei dando uma pequena contribuição, junto a nomes ilustres do pensamento mundial (como Alain Soral, Youssef Hindi, Lucien Cerise, Jean-Michel Vernochet, etc.), para a análise das eleições dos EUA por convite da associação francesa Égalité & Réconciliation.

https://www.youtube.com/watch?v=obGKav1U6GI




Kamala Harris diz que a sua prioridade no governo será garantir o direito ao aborto e ampliá-lo. Em uma outra entrevista, semanas atrás, algumas jovens universitárias dos EUA diziam que a principal pauta que definiria o seu voto seria o aborto.

Uma das principais propagandas em vídeo produzidas pelos democratas durante a campanha envolve um casal fazendo sexo e a questão do aborto. Uma outra propaganda diz que os republicanos vão banir a pornografia.

Ontem estávamos vendo dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo obcecadas com politizar a seminudez de uma jovem iraniana tendo um surto psicótico. Projetavam na seminudez dela todos os seus delírios políticos e suas esperanças de mudança de regime.

Há um texto pouco conhecido do anarquista Proudhon, chamado "Pornocracia", em que ele argumenta que a sociedade burguesa, liberal-democrática, tendia inevitavelmente à "pornocracia", ou seja, ao "domínio das prostitutas".

O que ele quer realmente dizer com "domínio das prostitutas" não é, obviamente, que cargos públicos serão ocupados por prostitutas, mas que o modelo social da prostituição se torna o paradigma dominante em uma sociedade liberal controlada pelo Capital.

Nesse sentido, do político que se vende como uma prostituta para o caráter "promíscuo" da circulação de capital sob controle de grandes bancos, tudo está vinculado a um paradigma de prostituição. Mas a raiz da crítica de Proudhon é mais literal.

Para Proudhon, a emancipação da mulher promovida pelo liberalismo e pelos socialismos de inspiração liberal conduzia a uma ruptura na barreira entre a dimensão social e a dimensão sexual do homem. E isso porque ela estava necessariamente acompanhada pelo colapso da autoridade patriarcal que se impunha às mulheres.

O problema aí é que a mulher, por natureza, seria mais dominada pela sexualidade do que o homem. Toda a dimensão sexual da existência humana estaria mais desabrochada na mulher, e estaria, portanto, mais próxima de sua consciência. É nesse sentido que Proudhon dirá que a mulher só pode ser mãe/esposa ou prostituta; porque a ausência de uma disciplina externa reduz a mulher à sexualidade promíscua, em que o prazer é valorizado como fim em si mesmo.

Evoco Proudhon aqui para ressaltar quão espantoso é o fato de que as mulheres nas sociedades liberal-democráticas não pensam em nada além de temas que giram em torno do sexo e do prazer. O aborto é valorizado enquanto fuga da responsabilidade pelos próprios atos, para que a mulher possa seguir vivendo uma sexualidade desenfreada voltada para o prazer como fim em si mesmo.

E os liberais do Ocidente só conseguem enxergar as mulheres de outras civilizações através da própria lente pornocrática, em que um surto psicótico vira "protesto do FEMEN", porque em uma sociedade patriarcal em que a modéstia é um valor, o liberal anseia pela explosão pornocrática do exibicionismo feminino, reduzindo a querela Ocidente/Irã a uma disputa sobre o direito de ver bundas em praça pública.




Diante do Irã soberano, portador de uma civilização milenar, o direitista vira feminista e progressista, enquanto o esquerdista vira racista e imperialista.

É como se estar diante de uma expressão da sociedade tradicional provocasse uma crise de dissonância cognitiva em todos os filhotes da Modernidade.

Não há aqui nenhuma surpresa porque no mundo contemporâneo, pós-Guerra Fria, tanto a direita quanto a esquerda estão permeadas de liberalismo. A conclusão do percurso histórico da Modernidade se dá na revelação de sua identidade com esse liberalismo.

No império do indivíduo, do desejo, da libertinagem, do consumismo e do mercado não há espaço para qualquer cosmovisão fundada no sagrado, no senso de dever e na priorização do bem comum.




No caso de vitória de Trump, haverá um esforço de tentar afastar a Rússia da China por meio de uma oferta de concessões na Ucrânia. Mas os vínculos Rússia-China já estão em um patamar de engajamento praticamente irreversível. Ambos países têm apostado muito nessa colaboração mútua desde 2022 e não serão concessões na Ucrânia que mudarão isso - até porque a Rússia entende que a Ucrânia já é um campo de batalha no qual ela desfruta de ampla vantagem.

Esse esforço por criar dissenso Rússia-China é parte de um projeto mais amplo de desarticular os BRICS. É daí que vêm ideias inexequíveis como a de impor tarifas de 100% a países que abandonem o dólar em seu comércio internacional.

No que concerne o Oriente Médio, haverá uma tentativa de impor um fim forçado ao conflito e um retorno aos Acordos de Abraão. O problema é que este projeto já é extemporâneo e se os EUA utilizarem a força para tentar encerrar o conflito rapidamente, ameaçarão os interesses russos na região, o que entrará em contradição com o esforço de cooptar a Rússia contra a China.

Quanto à América Latina, apesar das preocupações da esquerda, não haverá grandes mudanças na geopolítica dos EUA, que atende a interesses estratégicos de longo prazo que transcendem as possibilidades decisórias dos presidentes.

O impulso por uma nova Doutrina Monroe é política de Estado nos EUA e se intensificará com o passar do tempo tanto em caso de vitória de Trump como em caso de vitória de Harris.


Notas sobre as Eleições dos EUA

Faltando pouco para o clímax do processo eleitoral estadunidense e para o seu resultado, é possível fazer algumas considerações sobre tudo.

Em primeiro lugar, é impossível prever realmente o resultado com qualquer segurança. As pesquisas de opinião e as apostas têm flutuado mais do que nas eleições anteriores. Se há alguns dias Trump tinha uma vantagem clara e era o favorito, Kamala Harris se aproximou e agora está tecnicamente empatada.

Este é um fenômeno curioso porque mudanças desse tipo usualmente se seguem a escândalos, mas não há nenhum escândalo recente que possa ter atrapalhado a campanha trumpista e alavancado a harrista. Ao mesmo tempo, as entes também não são muito confiáveis nos EUA.

Agora, as eleições parece que serão decididas nos estados do Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, North Carolina, Pennsylvania, e Wisconsin.

Esses estados são, tradicionalmente, "swing states". As margens de vitória neles tendem a ser pequenas e às vezes os resultados acabam contrariando as pesquisas de opinião. Trump, por exemplo, estaria por enquanto levando Arizona, Georgia, Nevada, Carolina do Norte e Pensilvânia, mas por margens tão pequenas que caem na margem de erro.

Em segundo lugar, já é uma eleição marcada por fraudes diversas, que vão de ataques e destruição de votos, até dificuldades aparentemente artificiais de votar no candidato da oposição.

Quando se soma isso ao fato de que o país em questão permite voto por correios e não exige identidade para votar, vemos como os EUA possuem um sistema eleitoral muito mais frágil que o da maioria dos países do Terceiro Mundo.

O caráter descentralizado e caótico dessas eleições naturalmente facilita a execução de qualquer tipo de fraude, inclusive as de natureza "legal", como as de 2020, quando, por exemplo, houve uma mobilização para modificar regras eleitorais em estados nos quais a mudança beneficiaria Joe Biden.

Causa espanto que um país com um sistema eleitoral tão frágil e manipulável se coloque na posição de fiscalizar e julgar eleições de outros países.

Em terceiro lugar, a polarização política e a instabilidade tendem a se acirrar independentemente do resultado. Deve-se esperar protestos quem quer que seja o candidato vitorioso. De um modo geral, os campos políticos nos EUA assumiram já posições irreconciliáveis que foram alimentadas pela própria mídia de massa dos EUA, que coloca a disputa Trump-Biden/Harris em termos apocalípticos.

No início do ano, um relatório conjunto das agências de inteligência dos EUA alertava para o risco de atentados terroristas ou violência política em geral antes, durante e após as eleições, e isso é bastante plausível.

Os trumpistas creem que certamente haverá fraude e colocarão a culpa nela por qualquer eventual derrota. E os antifas creem que Trump representa um novo Hitler e não aceitarão um novo governo dele.

Em quarto lugar, no que concerne a posição dos candidatos em relação ao establishment e o Deep State, o contraste é muito menor hoje do que em 2016 ou 2020.

As posições mais especificamente populistas e conservadoras de Trump foram suavizadas em prol de um conservadorismo liberal mais mainstream. Ele até tem apoio de um número menor de grandes empresários hoje do que em 2020, mas hoje desfruta do apoio quase consensual do Partido Republicano - não é mais um "outsider".

Desnecessário dizer que Kamala Harris é a própria encarnação do establishment liberal-cosmopolita. Mas Trump não é sua antítese, e só se choca de forma mais direta com ela em algumas poucas questões

Em quinto lugar, em uma perspectiva geopolítica, é difícil crer que qualquer coisa mudará muito radicalmente em um sentido direto.

Algumas prioridades e diretrizes podem mudar, mas qualquer esforço de mudança do tipo será filtrado pelo Deep State.

Em caso de vitória de Kamala Harris veremos a continuação dos engajamentos atuais, até porque ela própria já é um dos atores que dá as cartas durante esse governo acéfalo de Joe Biden.


Репост из: Alexander Dugin (International)
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🚨🇷🇺🇺🇸 THE PROFESSOR ALEXANDER DUGIN INTERVIEW | Episode 20

Jackson Hinkle's FULL INTERVIEW Russian Philosopher Alexander Dugin (@Agdchan) on why President Putin endorsed Kamala Harris, how the DEEP STATE will influence Trump, and how China fits in the Fourth Political Theory.

@legitimatetargets @jacksonhinkle


Mas Mendelssohn, propriamente, foi influenciado por figuras mais antigas como Espinosa, Menasseh ben Israel e Simone Luzzatto, os quais exerceram ampla influência sobre a sociedade e a filosofia europeias, os dois últimos mais no âmbito político, enquanto Espinosa é um dos "grandes" da filosofia moderna, sendo propriamente influenciado por Descartes, mas também pela rica tradição teo-filosófica judaica. Ben Israel e Luzzatto tiveram um grande papel, tal como Mendelssohn, na propagação das concepções modernas de secularismo, como derivação necessária da "liberdade de consciência". Mendelssohn vai um pouco mais longe até, defendendo praticamente um "indiferentismo religioso" tanto em um sentido metafísico quanto como "necessidade de Estado".

Mas em um sentido mais amplo, também o papel da razão vis-à-vis a religião e a tradição expõe uma grande influência do ambiente intelectual judaico na construção da civilização ocidental. E isso porque a tradição rabínica, tal como ela se apresenta no Talmud, na Mishná e nos textos teológicos do judaísmo medieval, sempre foi uma tradição de debate intelectual de forte conotação racionalista.

Quanto a isso, se em alguma medida está estabelecida a influência da Reforma Protestante sobre o Iluminismo, seria necessário então apontar para a influência direta dos exegetas e gramáticos judeus, como David Kimhi e Elia Levita. Kimhi teve uma influência particular porque a Bíblia "do Rei James" se apoia em grande medida nos comentários anticatólicos feitos por ele. Quanto a Elia Levita, o seu papel como "professor de Cabala" do clero católico no período renascentista tem paralelos com a própria influência do cabalista Johannes Reuchlin sobre Lutero.

Essa influência da Cabala sobre a filosofia moderna, aliás, parece se estender além, na medida em que há hoje uma tradição acadêmica que sustenta com bons argumentos que a doutrina das mônadas de Leibniz possui origem cabalística, havendo inclusive evidência documental de que Leibniz estudou a Cabala; e que tanto a doutrina da tabula rasa quanto a perspectiva progressista de Locke foram influenciadas pelo tikkun olan, em uma ideia de "retificação da natureza" por meio de melhoramentos graduais rumo à perfeição.

Uma outra via de influência está no republicanismo liberal tal como ele se desenvolveu na Holanda, especialmente através da obra de Petrus Cunaeus, que escreveu "De Republica Hebraeorum", um texto que argumenta que o reino hebreu tal como apresentado na Torá constituía a república ideal que poderia servir de modelo para a Holanda recém-"libertada" do Império Espanhol. Cunaeus, interessantemente, foi interlocutor do agente colonial e rabino já mencionado Menasseh ben Israel, bem como bastante influenciado por Maimônides. No mesmo sentido esteve um dos menos conhecidos revolucionários americanos, o pastor Samuel Langdon, que também defendia o antigo reino hebreu como o modelo ideal a partir do qual construir uma república federativa.

Mais notórios e não demandando muitos comentários são os textos de Max Weber e Werner Sombart sobre as origens do capitalismo, os quais abordam, respectivamente, as raízes protestantes e judaicas do modo de produção, tanto por causa do papel atribuído pelo racionalismo, bem como por causa de uma relação bastante diferenciada que essas religiões teriam tanto com a acumulação quanto com a cobrança de juros.

É por isso que, considerando as características fundamentais da civilização ocidental, é nessas interações entre tradição protestante, tradição judaica e tradição iluminista que devemos buscar as raízes da atual civilização moderna de pretensões planetárias.


A Dialética Protestantismo-Judaísmo como Base da Civilização Ocidental

Há alguns dias celebrou-se o aniversário da Reforma Protestante. A data, em si, é questionável porque ignora que o processo de fratura da Igreja Católica foi gradual, e que, em certo sentido, a Reforma já havia se espalhava a partir de Jan Hus e John Wycliffe quando Lutero pregou as suas Teses.

Mas ela representa um marco importante porque as ações de Lutero e logo de Calvino adquiriram um "momentum" que transformou o seu projeto em um evento de escala civilizacional, graças à presença de uma série de condições favoráveis a isso.

Aquilo que me interessa comentar rapidamente sobre esta data, porém, é o seu papel na construção daquilo que entendemos por "civilização ocidental". Apesar dos discursos reacionários sobre "civilização ocidental" apelarem artificialmente à Grécia e à Roma, bem como à Europa Medieval, a realidade é que a Antiguidade e o Medievo constituem realidades completamente fechadas para a mentalidade liberal-conservadora preocupada com a tal "civilização ocidental".

Se tomarmos aquilo que Spengler ou Nietzsche escreveram sobre a perspectiva do homem clássico fica muito fácil perceber como é difícil construir uma conexão direta entre Atenas e Ocidente, exceto nos termos limitados do método analógico utilizado pela geopolítica. O homem clássico é um homem da realidade manifesta, que pensa a natureza como forma e como florescimento de formas; até mesmo o funcionamento dos seus sentidos parecia operar de forma diferente, como um exame do texto da Ilíada permite perceber no que concerne as cores trabalhadas por Homero.

Na prática, apesar de estarmos acostumados a esses esforços de construir um vínculo com a Antiguidade (vide o esforço foucaultiano [e de outros] por traçar um elo entre homossexualismo e cultura grega, ou os esforços dos democratas de apelar a motivos gregos em sua crítica da "tirania", etc.), derivados do prestígios simbólico do mundo grego, há muito pouco na Modernidade que devemos, realmente, diretamente aos gregos.

Ao contrário, é fácil perceber como a Reforma Protestante influenciou o Iluminismo e, portanto, a Modernidade e toda a civilização desenvolvida a partir de então; e isso apesar de ser necessário apontar para o papel do nominalismo e do jusnaturalismo, da tradição escolástica em sua fase tardia, na construção desse mesmo processo.

É necessário, quanto à Reforma Protestante, recordar o papel atribuído por ela à razão humana e à plena capacidade do indivíduo de interpretar as Escrituras; bem como a sua refutação do caráter comunitário da relação entre homem e Deus e, em contrapartida, o seu subjetivismo.

Assim, apesar de Descartes ter sido "católico", a sua filosofia seria concebível senão em um ambiente já fundamentalmente moldado pelo protestantismo como o da França huguenote? Ou a de Locke, sem considerar os seus anos na Holanda calvinista?

Mas menos conhecida é a "Haskalah", ou "Iluminismo Judaico". Este se seu influenciado pelo Iluminismo "gentio", na medida em que Moses Mendelssohn foi um leitor de Locke e interlocutor de contemporâneos como Kant. Não obstante, o impacto de Mendelssohn e da Haskalah foi revolucionário pela sublevação da autoridade do rabinato tradicional. A culminação da Haskalah é o sionismo, ainda que perdurará no sionismo uma dimensão religiosa de raízes bastante profundas.

Os bem educados encontrarão em Maimônides, Rambam, Luria e outros sábios medievais muitas das prescrições presentes ainda hoje na mentalidade israelense em relação a Israel e ao trato com os palestinos.





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