Raphael Machado


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Retornando à sua dimensão própria vinculada à sociedade do espetáculo, a sociedade moderna se transformou em um cenário de permanente substituição da realidade por simulacros, em que o parecer vale mais que o ser. Tudo é entretenimento e distração, e essa distração pelo entretenimento se dá pela sucessão permanente de novas imagens aptas a suspender o tédio humano.

É por isso que Elisabeth Sparkle, a protagonista, não "serve" mais, por mais que ela ainda seja bela. Ela representa o passado, o tédio, a previsibilidade, e por isso não há mais espaço para ela na máquina de "destruição criadora" permanente do Capital.

Uma outra característica interessante do filme é como existe uma dimensão claramente infantil no comportamento e expectativas da protagonista, o que se expressa de maneira mais clara quando ela é "Sue", o segundo corpo.

O narcisismo representa uma fase no desenvolvimento da criança, aquele período no qual ela se crê onipotente e centro do universo, que é rompido principalmente por ação do pai se interpondo entre a mãe e a criança para apresentá-la o mundo. O narcisista vive em uma bolha, carente de conexão com a realidade objetiva e só tem olhos para si mesmo.

É perceptível no filme como a protagonista não parece ter qualquer conexão com qualquer personagem apto a representar para ela um "fundamento" estável no "mundo como ele é". O mais próximo disso é o personagem amigo de adolescência, interessado nela, com o qual ela marca um encontro mas que ela deixa esperando. Ao rejeitá-lo, ela rejeita uma vida "real" em prol do espetáculo permanente.

É desnecessário dizer que a protagonista viola todas as regras do tratamento experimental, e passa a querer privilegiar o segundo corpo em detrimento do primeiro. Ela retira cada vez mais fluido espinhal para ficar cada vez mais tempo no segundo corpo, o que vai tendo consequências desastrosas para o seu corpo original.

Como eu falei em "mitos", a dinâmica de passar metade do tempo como "velha" e metade do tempo como "jovem" me traz à mente a relação Deméter-Prosérpina, em que Deméter "envelhece" no período em que sua filha Prosérpina está no Hades, e volta a florescer e rejuvenescer (e com ela o mundo) toda vez que Prosérpina retorna do submundo.

Elisabeth Sparkle é o inverno, enquanto Sue é o verão. Incapaz de aceitar o inverno, ela quer esticar o verão indefinidamente, mas todo esforço por esticá-lo gera um rebote cada vez mais forte que rompe a lógica natural do equilíbrio cíclico.

Existe ainda um outro elemento interessante no filme em sua perspectiva madura sobre o vínculo entre corpo e personalidade. A ingenuidade cartesiana pensa o homem como "fantasma na máquina", mas em "A Substância" a personalidade da protagonista se desenvolve de forma diferente quando ela está em corpos diferentes, a ponto de, efetivamente, ela se cindir em duas pessoas completamente distintas e, no clímax, opostas, inimigas. Há aí uma certa raiz nietzscheana que fisiologiza a personalidade, tornando-a indissociável da forma e das afecções sensoriais.

Essa reflexão sobre a dependência física da personalidade é interessante porque põe em dúvida todo projeto de imortalidade ou de sobrevivência pós-morte. Se corpo e personalidade são uma só coisa, modificações corporais alteram a personalidade e a destruição do corpo destrói, também, a personalidade enquanto totalidade. Sobre isso, leiam sobre os transplantes de órgãos que acabam resultando em mudanças de personalidade nos recipientes.

Em suma, trata-se com um vínculo interessante com as reflexões contemporâneas sobre o transumanismo e, simultaneamente, com lições clássicas sobre húbris e desmesura.


No filme "A Substância" uma celebridade hollywoodiana com uma carreira em decadência por conta do seu envelhecimento, interpretada pela Demi Moore, decide passar por um procedimento misterioso que faz surgir a partir do corpo dela um segundo corpo, mais jovem e mais belo.

A sua consciência é transferida para este segundo corpo, mas ela só pode ficar no segundo corpo por um prazo determinado de 7 dias, ou o mesmo começa a se degradar. No sentido inverso, ela precisa retornar ao segundo corpo em 7 dias para que, inanimado, o segundo corpo perdure.

Para "animar" o segundo corpo, ela precisa retirar do primeiro corpo o fluido espinhal e injetá-lo no segundo corpo. Qualquer desvio em relação ao procedimento e em relação ao gerenciamento do tempo de uso de cada um dos corpos acarreta consequências físicas irreversíveis.

Um "tema" típico da Modernidade é a transição de uma relação afirmativa do homem com a morte para uma na qual o homem é dominado pelo pavor da morte, e nega a sua mera possibilidade, querendo constantemente escapar às consequências do tempo e da morte como horizonte inevitável.

Pensemos, por exemplo, a relação do homem homérico com a morte. Aquiles sabia que morreria se fosse a Tróia porque isso lhe havia sido profetizado, mas sem ir a Tróia ele não alcançaria a glória pela qual ansiava. Ou, evento posterior, toda a pedagogia socrática em relação à morte, como testemunhamos na "Apologia", na qual o filósofo escolhe a morte, aceita a morte, explica a morte a seus discípulos, gerencia o momento e as circunstâncias da morte e dá morte a si mesmo pelas próprias mãos.

Nas antípodas disso temos os bilionários contemporâneos, como Bryan Johnson, que investem toda a sua fortuna em artifícios para esticar a própria vida, suspender o envelhecimento e evitar a morte. Bryan Johnson, por exemplo, faz inúmeros procedimentos diários, os quais incluem até a ingestão do sangue do próprio filho.

Jeff Bezos, por sua vez, está investindo milhões em empresas de biotecnologia e farmacêutica, como a Altos Labs, com o objetivo de "derrotar a morte". As iniciativas nas quais Bezos está investindo trabalham com manipulação do DNA humano para aprimorar a capacidade de regeneração celular do corpo.

Peter Thiel criou a Methuselah Foundation, dedicada à estender à vida humana. Sem surpresa, o projeto de Thiel tem uma veia mais transumanista. Ela se desdobra em pesquisas sobre impressão 3D de órgãos ou partes sintéticas para substituir partes humanas decadentes, bem como em manipulação de DNA e substituição de funções orgânicas por aparatos tecnológicos.

Toda busca pela imortalidade só pode resultar na negação do homem (e, portanto, em tragédia) na medida em que a morte, como ensinou Heidegger, é parte daquilo que define o homem enquanto tal. Aceitar a morte e conduzir uma existência de modo que a morte esteja inserida em uma totalidade dotada de sentido e de valor que vão além da própria existência individual é um dos elementos que dá os contornos da autenticidade à vida humana.

Mas o filme "A Substância" tem um escopo mais concentrado no Mito de Narciso, e na maneira como o Mito de Narciso é atualizado no capitalismo pós-moderno, bem como nas promessas transumanistas de nossa época.

Narciso, como todo mundo sabe, é um personagem da tradição helênica que encontra sua ruína ao se apaixonar pela própria imagem.

O Mito de Narciso é um dos mitos motores do capitalismo, cuja dimensão narcisista não se expressa apenas nas expressões óbvias da sociedade do espetáculo, mas na própria autossedução do Capital em sua atividade incessante de projetar constantemente novos objetos de culto e consumo, incapaz de moderar a si mesmo. E essa autossedução infecta, por sua vez, todos que vivem sob o capitalismo, que passam então a uma busca permanente pela "novidade" de consumo apta a certificar o próprio valor.


Eu não sou republicano se o sentido da "República" não for nada além de servir como verniz respeitável para a democracia liberal dos oligarcas, dos usurários e das prostitutas.


O neopentecostalismo representa a semente espiritual de uma potencial ameaça terrorista no Brasil, cuja primeira manifestação mais óbvia é o narcoterrorismo do Complexo de Israel.

Mas mesmo fora do narcotráfico o neopentecostalismo pode servir de adubo para outras ameaças semelhantes, especialmente se a tendência de enfraquecimento seletivo do Estado enquanto promotor de serviços e de segurança (a chamada "anarcotirania") se confirmar e lideranças comunitárias neopentecostais acabarem tendo que desempenhar o papel estatal em suas regiões.

No Complexo de Israel temos todos os elementos típicos do sectarismo armado que descamba para o terrorismo: um Estado fraco, ausente e secular, o qual permite que chefaturas armadas se apossem de um território e cumpram o seu papel; com as chefaturas em questão sendo imbuídas de um forte sectarismo religioso muito semelhante ao "takfirismo" islâmico que deu origem ao salafismo e ao wahhabismo.

E nessas condições, como eu já expliquei alhures, é necessário tratar essa crise de segurança efetivamente como uma situação de "exceção" que exige a aplicação do "Direito Penal do Inimigo".

Mas seria um erro pretender voltar os olhos para o bolsonarismo sob a mesma ótica do "Direito Penal do Inimigo", à luz do atentado terrorista que um homem tentou executar em Brasília, perto do STF.

Em primeiro lugar, porque o bolsonarismo é a ideologia de amplas massas nacionais - inclusive com uma maior capacidade de mobilização popular do que o lulismo hoje. Não é, aí, um fenômeno marginal, local, minoritário, que possa ser abordado nos termos de uma inimizade política.

Nesse sentido, a noção de que diante de atos de violência de um bolsonarista seria oportuno, conveniente e razoável pensar o bolsonarismo em termos de "inimigo" e lançar sobre ele, de forma indiscriminada, o aparato de repressão do Estado constitui uma loucura.

Mao Tsé-Tung entendia o valor da "inimizade" e da guerra permanente contra algum "inimigo", de modo que de tempos em tempos ele declarava que um determinado grupo ou setor era um "inimigo" e lançava o Estado e o povo contra ele. Mas ele sempre cuidou de garantir que o "inimigo" fosse sempre uma força minoritária, dos usuários de drogas a alguma classe decadente.

Não há nem mesmo que se falar, aqui, de "separar os bolsonaristas normais dos bolsonaristas radicais", porque praticamente todas as crenças bolsonaristas - especialmente no que concerne os costumes - são passíveis de ser lidas como "radicais" por autoridades educadas na cartilha da ONU. Não existe aí como fazer a distinção.

A consequência inevitável, portanto, de lançar de métodos excepcionais para lidar com o bolsonarismo como "inimigo" político-jurídico, colocando-o como risco de segurança e potencial ninho de terrorismo será uma guerra civil.

Aliás, a atual atmosfera de ódio contra o STF se deve, em grande medida, à sua postura excepcionalista e supralegal assumida "em defesa da democracia", inclusive com decisões que transparecem, de forma evidente aos olhos de todos, um desejo de vingança no que concerne os vândalos do 8 de janeiro.

É irrelevante se existe subsídio legal para julgar quem defecou na mesa do Moraes como terrorista e tascar 20 anos de prisão nela. Todo mundo sabe que as pessoas em questão não são terroristas e que a letra da lei é livremente torcida, comprimida ou esticada para alcançar o resultado desejado desde o início.

A noção de que esse problema específico poderá ser resolvido simplesmente com mais repressão, mais perseguição e com mais demonização parece uma "embriaguez do poder" que só tem como, dialeticamente, radicalizar cada vez mais a polarização política brasileira.










"O erro fundamental dessa miopia metapolítica ou geopolítica é o seguinte: Incapaz de conseguir enxergar o panorama geral dos conflitos mundiais, o patriota ou nacionalista mediano ignora que o planeta inteiro vive sob uma hegemonia liberal, sob a égide de uma única superpotência.

Se estamos todos, no planeta inteiro, sob o mesmo globalismo, manejado pela mesma superpotência, então não há lutas de uns e lutas de outros. Há apenas uma única grande guerra, global, com incontáveis frentes. Trata-se da grande guerra que corresponde à contradição principal de nossa época: globalismo vs identitarismo, unipolaridade vs multipolaridade.

A luta da Síria, do Iraque, do Donbass, do Hezbollah, da Coreia do Norte, da Jamahiriya, dos Houthis, do Irã, e de todos os outros movimentos antiglobalistas no mundo é a mesma. Travada contra um mesmo inimigo. Contra um mesmo mal."

São comentários óbvios e científicos apoiados no conhecimento suficiente da geopolítica. Se há um hegemon mundial, é necessário apoiar tudo e todos contra ele. Ainda mais quando o nosso país não é (por uma série de motivos) um dos protagonistas na luta contra essa hegemonia.

Mas diante da geopolítica enquanto ciência, os fariseus vêm com considerações estúpidas sobre comércio internacional, em que a posição "nacionalista" se resume a "vender armas para os dois lados" ou "não apoiar ninguém", "Nem Washington Nem Moscou, Brasil!". Bom para slogan feito para idiotas que pensam o mundo em termos de "torcida". É só gritar "Brasil!" que todos os problemas são resolvidos.

O problema para esse pessoal é que a maior parte do público-alvo já está se cansando desse tipo de nacionalismo caricato e farsesco, do tipo que defende que se você já leu Darcy Ribeiro não precisa (mais, não deve!) ler qualquer teórico estrangeiro.

Graças ao nosso trabalho boa parte do público-alvo nacionalista já entendeu que vivemos em um mundo integrado no qual povos de todo o mundo partilham inimigos, problemas e condições, devendo portanto partilhar estratégias, táticas e conceitos para enfrentar essas ameaças.


A principal doença do nacionalismo brasileiro contemporâneo é o farisaísmo. Volta e meia aparecem meia dúzia de "podcasters" e "influencers" virtuais irrelevantes que acham que têm o poder de monopolizar o nacionalismo e de controlar que grupos e que lideranças o público nacionalista vai seguir.

Esses fariseus são tristes cosplays do Policarpo Quaresma. Querem ser "os mais nacionalistas" entre todos. Se deixar, trocam o Papai Noel pelo Saci e o português pelo tupi (ou o nheengatu); vão preferir funk a Wagner porque "o funk é nacional", tal como vão preferir literatura pornográfica feminina ("Meu CEO", etc.) a Dostoiévski e defender o PCC e a Igreja Universal entrando na África e no resto da América Ibérica como "autêntico soft power brasileiro".

Em geral, eles vão sacralizar meia dúzia de defuntos mortos há décadas e seus livros de meio século (ou mais), e sibilar com ódio e desprezo contra qualquer leitura contemporânea e, portanto, mais relevante para questões contemporâneas... se ela for estrangeira. Mas isso varia também. Por algum motivo misterioso, pode ler Ha-Joon Chang e Thomas Pikkety, pode bajular Alexander Hamilton e Friedrich List, mas ai de você se o autor que você recomendar for russo. É excomunhão imediata.

Aliás, pouco importa se você recomenda livros russos como apenas uns entre outras recomendações. Para o fariseu policarpista, também misteriosamente (e na minha opinião, só pode ser por algum racismo inconsciente recém-descoberto, como diz o Lucas Leiroz) qualquer coisa vinculada à Rússia é uma mácula e, portanto, o "vínculo russo" apaga qualquer outro interesse, influência ou posicionamento.

Em conteúdo, não têm nada a oferecer além de meia dúzia de lugares-comuns e slogans que todos já conhecem: "o Brasil precisa se reindustrializar", "precisamos de um plano nacional de desenvolvimento", "é necessário investimento público", "o Estado deve proteger a empresa nacional", "o Brasil não deve ter alinhamentos automáticos", etc.

Nada aí está equivocado, mas considerando que ao interagir com um você já interagiu com todos, e que todos os nacionalistas antiliberais, inclusive os que não são fariseus, defendem a mesma coisa, imaginamos se eles não percebem que são como macarronada sem molho e feijoada sem tempero. Não por acaso, apesar de muito esforçados, são figuras estagnadas, sem crescimento, sem alcance, sem conquistas visíveis.

E como não têm conquistas visíveis, nem crescimento, nem alcance, é natural que o ressentimento cresça. Afinal, por que uns crescem tanto, mas eles, autênticos nacional-nacionalistas da nação nacionalizada ficam falando sozinhos? É por isso que eles sempre recorrerão aos espantalhos.

Sem os espantalhos eles não têm como nos atacar. É por isso que apesar de falarmos sobre o Brasil diariamente, e compartilharmos posições sobre questões nacionais diariamente, e fazermos propaganda em defesa dos interesses brasileiros diariamente, agora inclusive em estação de rádio, com muito mais repercussão e alcance do que todos eles somados juntos... eles precisam inventar narrativas delirantes sobre "defendem o interesse russo" e "só falam da Rússia".

São mentiras óbvias, eles sabem que são mentiras óbvias, mas eles não têm alternativa além de mentir, como bons pilantras que são. Só assim poderão tentar dar sobrevida a seus projetos políticos falidos.

Existe aí, também, um elemento de ignorância e daquilo que é um dos piores vícios brasileiros: o orgulho na ignorância. Os fariseus do nacionalismo não sabem nada de geopolítica, não querem saber nada de geopolítica e têm raiva de quem entende algo de geopolítica.

É por isso que fantasiam isolacionismos impossíveis e posições geopolíticas suicidas para o Brasil, ao mesmo tempo que almejam perseguir quem defende para o Brasil o óbvio: nas condições da hegemonia global unipolar, é fundamental apoiar todos os países, movimentos e tendências que enfraqueçam o hegemon como condição necessária para a libertação do próprio povo.

Um texto meu de 2018 (!) no site da Nova Resistência, diz, em um trecho, o seguinte:




A partir de hoje estarei participando, todo dia útil, no programa "Entretanto", realizado pela rede Sputnik, na Rádio Metropolitana/RJ. Darei minha contribuição comentando notícias e acontecimentos nacionais e internacionais no programa que vai das 17h às 19h de segunda a sexta (exceto feriados).

Convido todos os meus seguidores a me acompanharem na FM 80.5 do Rio de Janeiro pelo site: https://tudoradio.com/player/radio/600-radio-metropolitana

Ou, caso prefiram acompanhar por celular, pelo app: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.williarts.radio.metropolitana109047


Imaginem a avalanche política que teríamos no Brasil se a direita conservadora fosse, também, trabalhista.

De primeira, só com isso ela já teria apoio popular mais que suficiente para reduzir todas as outras forças à insignificância e atropelar qualquer barreira erguida pelo Judiciário.

Basta olhar para outros exemplos no mundo como Nayib Bukele e Vladimir Putin, para vermos as consequências magníficas que veríamos no dia em que surgisse uma liderança conservadora no Brasil que também garantisse emprego, comida e bem-estar material para o povo.


A escala 6x1 é absurda. Mas a esquerda defende a escala 4x3 porque não quer que projeto algum seja aprovado.

Ela quer sinalizar virtude, debater, agitar, mas não pretende modificar nada de concreto na vida do trabalhador.


E os comentários "economicistas" sobre esse tema são os mais estúpidos possíveis. Falam em "produtividade", falam que "o Brasil é pobre, então precisamos trabalhar muito". Reflexões de uma mentalidade indigente.

A maioria dos trabalhadores 6x1 não é de fábrica. E crescimento econômico, convenhamos, é, principalmente, indústria. E depois agro. O setor de serviços não gera riqueza, faz a riqueza circular.

O Brasil não vai ficar mais rico se cabelereiros, atendentes de shopping e caixas de supermercado trabalharem 12 horas por dia ou 7 dias na semana ou abrirem mão das férias. Categoricamente não veremos desenvolvimento algum. Não há ganho significativo de produtividade em "tirar o couro" de trabalhadores desses setores. Ao contrário, a partir de certo ponto, a produtividade tende a cair.

No âmbito individual isso é ainda mais verdadeiro. A ideia de que quanto mais o trabalhador se matar de trabalhar, mais fácil ele abandona essas condições para poder trabalhar de forma mais confortável.

Ao contrário, esse tipo de trabalho é uma prisão porque não sobra tempo para o trabalhador estudar ou se qualificar.

Em geral, esses argumentos economicistas dos defensores da escala 6x1 são caracteristicamente "terceiro-mundistas" e subdesenvolvidos. Vem daquela mentalidade primitiva de "tirar o couro" do trabalhador, muito comum em patrões terceiro-mundistas, e da mentalidade "motivacional" que valoriza o "esforço" pelo esforço, sem realmente pensar no "para quê" e no "como" do esforço.

Por outro lado, é belíssimo de se ver os brasileiros comuns, para além da classe política e dos grandes influenciadores, se unificando sem dar a mínima para divisões direita/esquerda em prol de uma pauta que é justa e necessária de uma maneira autoevidente.

É isso que confirma o nosso vaticínio de que no dia em que surgir uma força política que unifique a defesa de pautas trabalhistas com a defesa de valores tradicionais, essa força terá a hegemonia política no Brasil por décadas.


A defesa direitista da família é, infelizmente, apenas verbal e abstrata. Só precisamos ver o debate sobre a escala 6x1 para confirmar de novo.

Não é a defesa das condições necessárias para que as famílias sejam estáveis e prósperas, mas simplesmente a remoção de normas estatais que contrariem a definição tradicional de família.

A razão disso é que a direita se apoia em uma antropologia individualista. As famílias, para o direitista, são apenas arranjos voluntários e contratuais entre indivíduos - ou seja, as famílias não existem enquanto tais. Elas são apenas os "nomes" que damos, por convenção, a esses arranjos entre indivíduos.

Nesse sentido, só se concebe a remoção de pressões, limitações e distorções externas, vindas do Estado, mas de forma alguma se vê a família como um ente orgânico singular cuja saúde é boa para o bem comum por causa do seu papel basilar na estrutura social - o que exige, portanto, impulsos positivos por parte do Estado.

Para a mentalidade direitista, desde que se remova as normas jurídicas que especificamente agridam ou relativizem a ordem heteropatriarcal o resto cabe aos indivíduos decidir. Se a maioria das famílias brasileiras "fracassar", azar. Se as famílias brasileiras seguirem disfuncionais, cada indivíduo que faça o que bem entender para resolver a situação.

O fracasso das famílias, a sua falência, a sua instabilidade, não tem repercussão comunitária para o direitista porque, como falamos, a sua visão do homem é "individualista". Não existem sistemas, apenas indivíduos e suas ações. Nada que afete as famílias pode afetar a sociedade como um todo porque não existe "sociedade", apenas indivíduos.

Evidentemente, qualquer sociedade realmente guiada por essa moldura mental individualista resultará em uma situação de total desintegração familiar. E se a "defesa da família" é incapaz de garantir que as famílias existam, de que ela servia então?

Na direção contrária, a única defesa da família que faz sentido é aquela que unifica tanto a preservação da concepção tradicional de família na legislação, na mídia, na cultura, quanto a garantia das condições socioeconômicas mínimas para que as famílias possam, de fato, existir - e existir de maneira estável e segura. Para que o "até que a morte os separe" seja uma descrição literal do futuro, não mero desejo otimista.

Escala de trabalho 6x1 é ruinoso para as famílias, para o trabalhador e para a sociedade como um todo.

Em primeiro lugar, as nossas relações sociais com entes queridos nos beneficiem psicologicamente. Recarregam nossas energias, nos dão ânimo. Como fica, então, só conseguir desfrutar da companhia de seus entes queridos 1 vez na semana?

O desgaste que a escala 6x1 causa, portanto, não é só físico, mas também psicológico, emocional. É um desgaste social também porque as relações precisam ser regadas com frequência para que elas se mantenham.

Como fica a relação pai/filho se o pai só tem 1 dia livre na semana? Como fica o relacionamento com a esposa? Como fica a relação com os pais idosos do trabalhador?

Como o trabalhador consegue se fazer presente na vida de tantas pessoas diferentes trabalhando 6x1? E ele precisa estar presente na vida de todos. Do contrário a consequência é, para ele, angústia permanente; e para a politeia, desintegração do tecido social, isolamento cada vez maior de cada cidadão.

E as circunstâncias concretas da vida do trabalhador tornam isso ainda mais evidente. A maioria dos trabalhadores urbanos brasileiros mora longe do trabalho. Quase todo trabalhador gasta de 2-4h todos os dias só com locomoção.

O que o trabalhador vai querer fazer no seu dia livre? Ele vai, realmente, brincar com os filhos, organizar um momento a sós com a esposa e visitar os pais? É óbvio que não. Ele está exausto. Ele está destruído. Ele vai ver um jogo de futebol na TV, ele não quer realmente sair de casa. Quando convidarem ele para sair, a única coisa em que ele vai pensar é "putz, lá vou eu para o shopping e quando voltar já é hora de dormir e amanhã volta tudo de novo".

Isso não é vida, é tortura.




A legitimidade inexiste na privação do poder.

O governante pode ser legítimo ou ilegítimo, mas quem não tem o poder não pode ser "governante legítimo".

A legitimidade é uma espécie de autoridade espiritual daqueles que exercem o poder de forma inconteste e são capazes de conduzir a coisa pública de forma harmônica e de garantir estabilidade e prosperidade.

O fato do bom exercício do poder é recompensado com a aura da legitimidade.

Se um governante é ruinoso para o povo e gera instabilidade ele é ilegítimo, mesmo que numa monarquia ele seja filho do rei anterior ou se em uma república foi devidamente eleito.

Toda a conversa sobre a família real brasileira, portanto, é puramente teórica e sentimental.


São as mulheres que terão dificuldade, acostumadas como estão à licenciosidade desenfreada, com a castidade em prol de sua "ideologia". Ou talvez nem tanto, já que como comentou Evola nos anos 60, longe de expressar qualquer sensualidade, a mulher estadunidense é frígida.

Não é surpresa, portanto, o fato de que hoje há uma grande movimentação ("passport bros") de homens dos EUA em busca de esposas na América Ibérica, na Ásia e na Europa Oriental, lugares nos quais o ianque acredita poder encontrar mulheres que ainda preservaram uma feminilidade original e uma capacidade de devoção sincera no relacionamento conjugal.

Nesse sentido, os conservadores estadunidenses simplesmente dão de ombros. Em primeiro lugar, um grande número de mulheres (pelo menos entre as brancas) votou em Trump, e não farão greve. Em segundo lugar, as progressistas tendem a ser menos favorecidas esteticamente nos EUA. São comumente feias e bizarras. Em terceiro lugar, se alguém ficar de fora por causa dessa greve, é só tentar encontrar uma namorada em outra parte do mundo. Ora, a esposa de Trump é eslava, a de Vance é indiana.

A greve, pensada como castração apta a subjugar politicamente os homens, além de expor o caráter cibelino do feminismo, ressalta também o caráter trágico do enfraquecimento do papel masculino.

Ao fim do dia, no contexto do feminismo ocidental, diferentemente da comédia grega, não há no horizonte uma via de conciliação entre a feminista ianque e o homem normal. Se em "Lisístrata" a saudade e o tesão restauram a harmonia social, as mulheres modernas precisarão ainda passar por um grande trauma civilizacional para entender a importância do papel "tutelar" do homem.

Naturalmente, porém, esse homem moderno terá que voltar a ser "homem". Ou seja, precisará romper com o "espírito burguês", que é essencialmente desvirilizante.


Lisístrata 2024 ou a Esquizofrenia do Feminismo Ocidental

"LISÍSTRATA
Há muitas coisas em nós, mulheres
Que me entristecem, considerando como os homens
Nos veem como canalhas.
CALONICE
Como de fato somos!"

Um dos aspectos mais interessantes da vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA, é o fato de que imediatamente iniciou-se uma campanha em que mulheres progressistas prometiam iniciar uma "greve de sexo". Supostamente, elas ficarão sem transar durante todo o mandato de Trump.

A greve seria uma vingança contra os "homens brancos" que teriam votado e dado a vitória a Trump, candidato que, nas mentes doentias das mulheres progressistas, arrancará delas todos os seus direitos.

O enredo é reminiscente da comédia grega "Lisístrata", de Aristófanes, em que as mulheres das cidades-Estado gregas conspiram entre si para privar os homens de sexo como forma de pressão para dar fim à Guerra do Peloponeso, que já se arrastava por anos.

Apesar das tentativas contemporâneas de retratar essa comédia como "feminista" ou "pacifista" ela não é nenhuma das duas coisas. É uma brincadeira inteligente de Aristófanes com o impasse militar mais significativo de sua geração, a "greve de sexo" aí servindo como um artifício cômico absurdo para a reconciliação helênica, em que o comportamento histérico e irracional das mulheres acaba, inesperadamente, levando a uma conclusão satisfatória para as partes.

No fim de tudo, atenienses e espartanos se reconciliam e partem para transar com suas esposas. A comédia, aliás, serve como mais uma (das infinitas) refutações do mito da normalização da homossexualidade na Grécia Antiga. Por que a "greve de sexo" das mulheres incomodaria aos gregos se eles tinham uma "alternativa"?

Mas estamos muito longe, em civilização e era, da Grécia de Aristófanes.

E apesar das mulheres seguirem tendo hoje muitas características em comum com as da Antiguidade, elas pertencem também a uma qualidade totalmente distinta (e usualmente inferior) às gregas.

Porque se permanece a "lição de moral" do poeta de que "as mulheres, sem a proteção masculina, enlouquecem", mudou o caráter das mulheres, que já não buscam qualquer conciliação ou casta harmonia conjugal sob a proteção da Virgem Atena (como no final de "Lisístrata").

Essa greve de sexo das mulheres estadunidenses não tem sentido algum e não tem o menor potencial de surtir qualquer efeito. Ao contrário, através dela podemos renovar a análise evoliana da "mulher americana".

O barão Julius Evola diz o seguinte sobre a "mulher americana":

"Uma recente investigação médica nos Estados Unidos, mostrou que 75% das jovens americanas carecem de uma forte sensibilidade sexual e que em vez de satisfazer sua libido preferem buscar o prazer narcisista no exibicionismo, na vaidade do culto do corpo e na saúde em sentido estéril. As moças americanas não têm “problemas com o sexo”, são fáceis para o homem que vê o processo sexual como algo isolado e consequentemente pouco interessante. Assim, por exemplo, logo de ser convidada a ver um filme ou a dançar, é positivo, segundo os costumes americanos, que uma moça se deixe beijar sem que tal ato signifique nada no plano sentimental. As mulheres americanas são frias, frígidas e materialistas. O homem que “tem algo” com uma moça americana obriga-se materialmente, financeiramente com ela. A mulher lhe concedeu um favor material."

Nesse sentido, ao pensar na castidade como "greve", a progressista estadunidense revela sem querer que ela enxerga o sexo como "trabalho"; e que, portanto, ela se pensa como prostituta.

O problema aí é que por causa de como funciona a lógica sexual na ginecocracia pós-moderna, especialmente após o surgimento de aparatos de virtualização do cortejo como o Tinder, não faz diferença alguma ameaçar os homens estadunidenses com a negação de sexo. Já é uma realidade factual que a maioria das mulheres roda entre um pequeno punhado de homens, o que tem como uma de suas consequências principais o fato de que milhões de homens estadunidenses são virgens ou transam pouco, enquanto as mulheres são bem mais "rodadas".

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