Monocosmologia.
Sabedoria Hiperbórea, propriedade do espírito, sabedoria ancestral, origem da humanidade, sabedoria da natureza, antes da manipulação e do dualismo.
O hiperbóreo é aquele que surge diretamente do contato com o cotidiano, quando se está consciente do vínculo sagrado com o natural, do qual sempre fizemos parte. A experiência da vida fez a sabedoria com cada reflexão dos nossos antepassados, uma herança conquistada passo a passo, geração após geração, ou escrita para sempre no DNA da criação.
Sabemos que o chamado “cultural” tende a delimitar conceitualmente o que está unido em uma única realidade, dividindo-a e dicotomizando-a ao microscópico. É onde surgem todas as diretrizes que definem uma cultura em relação a outra, sua concepção do mundo, da vida, da morte, do imanente, do transcendente, do sagrado, do cotidiano, do militar, do científico, etc. As culturas primitivas, ou suas derivações modernas, que chamamos de ancestrais, sempre viram a realidade como um todo, eram idênticas na África, na Europa ou na Mesoamérica.
Hoje consideramos a cultura dominante precisamente o melhor sistema criado para dissecar a realidade, parece contrário ao original, não sei como podem compartilhar o mesmo nome quando representam categorias diferentes, há mais jogos de linguagem.
Entendendo isso, é verdade que poderíamos chamar a Grécia Clássica de cultura fragmentada, uma vez que ela começa a dar nome a tudo o que é fenomenológico, o que já foi mencionado no Egito ou na Pérsia em seus manuais religiosos. Mas há uma diferença, a Grécia nunca teve um livro sagrado, apenas mitos iniciáticos dos quais partir, e que fazem parte das compilações de Homero, mas não um livro com um Deus único que ditava que era certo e errado em todas as situações.
É por isso que nasceu a filosofia, uma resposta a essa falta, além do número de ondas migratórias que voltaram à península com suas tradições e com as quais tiveram que aprender a viver juntas. Embora a Grécia não seja compreendida sem o Egito e sem a Pérsia, seus grandes filósofos sempre estudaram lá por anos antes de retornar à pátria para fundar suas próprias escolas, como aconteceu com o mesmo Pitágoras. Apesar disso, penso que o platonismo, ou melhor, o socratismo, aborda a realidade a partir dessa perspectiva geral que define o hiperbóreo, afinal o conceito de Nous abarcava e sobrepunha tudo concreto, servindo como um conector entre o que separado.